24 de abril de 2024
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Jair Bolsonaro piscou. Depois de ter ofertado ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeu, em reunião no dia 2 de janeiro a possibilidade de instalação de bases militares americanas no Brasil, o presidente foi desmentido por dois dos seus ministros generais, o da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional. 

Na segunda-feira, 7, o Valor publicou entrevista com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, descartando a ideia:

“Ele ainda não conversou comigo. Tem que ver direitinho. Não vejo qual seria o motivo de uma base como essa. O presidente ainda tem que colocar para a Defesa, que é responsável pelo tema, qual é o pensamento dele”. 

No mesmo dia, depois da reunião ministerial, o general Augusto Heleno foi mais enfático:

“Ele (Bolsonaro) me disse que ele nunca falou disso. Foi um comentário, foi falado de base russa, aí saiu esse assunto… De repente, base americana… Não tem nada. Ele falou comigo que não falou nada disso. Fizeram um auê disso aí sem nada”.

Na quinta-feira, 10, também por pressão dos ministros generais e de Paulo Guedes, o governo Bolsonaro anunciou o seu aval à compra da Embraer pela Boeing. No dia 3, JB havia posto o negócio em dúvida: 

“Logicamente, nós precisamos, seria muito boa essa fusão, mas não podemos… Como está na última proposta, daqui a cinco anos tudo pode ser repassado para o outro lado. A preocupação nossa é essa. É um patrimônio nosso, sabemos da necessidade dessa fusão até para que ela consiga competitividade e não venha a se perder com o tempo”. Com a declaração, as ações da Embraer caíram 5% em um dia. 

Os dois recuos devem ser analisados menos pelos seus méritos e mais pelo que indicam de um estilo de governo. O novo presidente é reconhecidamente voluntarista, fala sobre tudo como se fosse um comentarista da Globonews. Dificilmente vai mudar. A lição da semana é confirmar que o freio a Bolsonaro são os ministros generais.

Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

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