29 de março de 2024
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Pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP-FGV) sobre um milhão de posts no Facebook, Twitter e Youtube revela que o debate dos bolsonaristas contra a “velha política” isolaram o governo na defesa da reforma da previdência. No final de março, quando se intensificou os ataques nas redes sociais de Bolsonaro e seus filhos a Rodrigo Maia e “a política tradicional”, os bolsonaristas se uniram nas palavras de ordem, mas queimaram as pontes de possíveis apoios dentro dos núcleos de centro-direita e centro, em uma repetição no mundo virtual do que se assiste hoje no Congresso.

O PSL, partido do presidente, tem quatro dos dez parlamentares com mais engajamento no Facebook (Flavio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Joice Haselmann e Luiz Philippe Bragança) e cinco dos parlamentares com maior interação no Twitter (esses quatro, mais Carla Zambeli). Nos cem primeiros dias de governo, diz a pesquisa, a base do PSL teve quase seis vezes mais retuítes que os parlamentares de oposição e o dobro do engajamento no Facebook. Mas é comunicação unilateral. Os parlamentares falam para sua base e não influenciam quem não é militante. Isso significa que a vantagem dos bolsonaristas nas redes não se traduz em uma pressão real que possa influenciar o Congresso – como ocorreu notadamente na eleição para a presidência do Senado, em fevereiro. Pregando apenas para convertidos e usando as redes para atacar potenciais aliados, em especial com a criminalização da política, a bancada do PSL está gerando dificuldades para a reforma da previdência.

Foto: Sérgio Lima/Poder360

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