4 de maio de 2024
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Preste atenção na deterioração da relação de Rodrigo Maia com Paulo Guedes. Na quinta-feira, 27, em café com executivos do mercado financeiro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, jogou seu peso institucional ao prometer a votação no plenário até 18 de julho, antes do recesso e da próxima reunião do Copom sobre juros. De acordo com a Folha, Maia considera a votação um biombo para o governo. “Quando passar, acabou a desculpa: ‘Agora é contigo, amigo’”. Maia instala na próxima semana a comissão especial da reforma tributária, desprezando os estudos preparados pelo Ministério da Economia.

No dia anterior, segundo O Globo, Guedes disse ao governador do Ceará, Camilo Santana, que em resposta ao ataque de Maia de que o governo Bolsonaro é uma usina de crises poderia ter dito que o “Congresso é uma máquina de corrupção”.

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Aliados até semanas atrás, Maia e Guedes estão se distanciando rapidamente. O rompimento coincide com dois fatos, o anúncio do relatório da Comissão Especial (que suprimiu a capitalização de Guedes) e as mudanças ministeriais (que tornaram o governo Bolsonaro mais fervoroso). De lá para cá, Guedes tem chamado Maia de “desleal”. Em conversas reservadas, Maia diz que o ministro é um “bolsominium que fala inglês”.

A escalada desse conflito é uma péssima notícia para a economia. Jair Bolsonaro se dá mal com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, mas o canal direto de ambos com Guedes minimizava os efeitos dos ataques periódicos do presidente ao Congresso. Mas se Guedes e Maia realmente romperem, a relação do Planalto com o Congresso fica disfuncional. O Brasil teve um exemplo de agendas díspares entre Executivo e Legislativo quando Dilma Rousseff e Eduardo Cunha lideram. Pagamos até hoje.

Na presidência da Câmara, assessores lembram declaração de Guedes em novembro, na primeira viagem de Bolsonaro a Brasília como presidente eleito. “O presidente tem os votos populares, e o Congresso, a capacidade de aprovar ou não (a reforma da previdência). A bola está com eles. Prensa neles. Se você perguntar para o futuro ministro, ele está dizendo o seguinte: “prensa neles”. Pede a reforma, pede a reforma. É bom para todo mundo”, disse o então futuro ministro. Posteriormente, Guedes fez juras de amor aos ritos do Legislativo, mas hoje a frase é vista como uma projeção de como o ministro gostaria de tratar o Parlamento”.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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