25 de abril de 2024
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A decisão do presidente do STF ministro Dias Toffoli de abrir um inquérito para investigar a disseminação de notícias falsas e ofensas contra ministros do STF é a mais dura reação contra a Lava Jato em cinco anos. Vitoriosos no impeachment de Dilma Rousseff, na prisão de Lula e na eleição de Bolsonaro, os procuradores estão pela primeira vez na defensiva.

Em derrota para a força-tarefa da Lava-Jato, o STF decidiu que crimes comuns – como corrupção e lavagem de dinheiro – serão processados e julgados exclusivamente pela Justiça Eleitoral, tradicionalmente com resultados mais amenos do que a Justiça Federal. A decisão abre brecha para a anulação de dezenas de sentenças já proferidas no âmbito da Lava Jato. É uma boa notícia para presos, como Eduardo Cunha e João Vaccari Neto, e investigados, como Aécio Neves e José Serra.

Também nessa semana, os procuradores de Curitiba foram forçados a recuar no inusitado fundo de R$2,5 bilhão para “atividades educacionais” advindo do acordo da Petrobras com o Departamento de Justiça americano. A criação do fundo era ilegal e permitia ilações de uso eleitoral das “campanhas educativas”.

Reações de ataque

Nos cinco anos de Lava Jato, sempre que acusados os procuradores reagiram atacando. Foi assim quando Dilma Rousseff tirou José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça ou quando Michel Temer trocou o comando da Polícia Federal. Há dezenas de inquéritos pouco explorados em Curitiba, das investigações sobre corrupção na construção da usina de Belo Monte às denúncias de propinas pagas por bancos via Antonio Palocci. Será uma guerra de trincheiras.

Militantes bolsonaristas atingidos

Dias Toffoli atirou no que viu (os procuradores de Curitiba), mas pode ter acertado na máquina de guerrilha digital do bolsonarismo. Foram os militantes bolsonaristas – quase todos ligados ao filho presidencial Carlos Bolsonaro – que iniciaram um movimento via whatsapp e Facebook defendendo a intervenção da Justiça Militar no Supremo, com a prisão de juízes como Toffoli. Na terça-feira, os ataques ao STF estavam entre os cinco assuntos mais discutidos no mundo no Twitter.

Foto: Carlos Moura/SCO/STF

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